30.4.13

Quinto e sexto dias de trabalho - Bangladesh, Canadá, Non-refoulement, pena de morte

Olá a todos!

Para acompanhar bem este post, você precisará saber no que consiste uma Revisão Periódica Universal (UPR), clique aqui.

Ontem aconteceu a UPR de Bangladesh. Nela, a maioria dos países recomendou que Bangladesh assine o OPCAT, Protocolo Opcional da Convenção Contra a Tortura (mais informações sobre o tratado aqui. - em inglês). Outra recomendação de vários países também foi abolir a pena de morte e passar a praticar o princípio de non-refoulement com os imigrantes no país. O non-refoulement é um princípio de direito internacional que proíbe uma nação a entregar um indivíduo vítima de perseguição a seu perseguidor, ou seja, ao seu país de origem que o ameaça. Houve um caso, no Brasil, durante os jogos pan-americanos no Rio, em que esse princípio apareceu (clique aqui para ler a reportagem).

Depois da fala de cada país, que têm direito de se expressar durante um minuto e meio, Bangladesh teve também o direito de se "defender" e de formular respostas às recomendações de cada um. Com relação à pena de morte, eles disseram não ver problema no assunto, já que muitos outros países também a aceitam como punição, além dela ser aplicada em casos muito particulares. No entanto, não parece ser esse o caso, já que muitos cidadãos têm medo da pena de morte por razões diversas (veja nessa reportagem a história de um bangladechiano com medo de receber a pena de morte por um comentário que ele havia feito no Facebook - em inglês)

Para assistir à UPR de Bangladesh, basta clicar no link abaixo:

Antes dela, eu havia ido também à UPR do Canadá. UPRs de países desenvolvidos, a meu ver, são bem mais tranquilas. Os problemas relatados pelos países-membros ao Canadá se referiam principalmente à violência contra as mulheres e crianças aborígenes e à questões de imigração. As recomendações variavam pouco de tema, e os temas não tinham a mesma intensidade daqueles de Bangladesh.

Para assistir à UPR do Canadá, clique no link abaixo:

Amanhã é 1 de maio. Em tese, é feriado, mas nós trabalhamos, tem UPR de Cuba na parte da tarde.

 


Beijos a todos,
Elisa


Este post não reflete posições ou opiniões da Missão Permanente do Brasil nas Nações Unidas e Outros Organismos Internacionais em Genebra ou do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.

25.4.13

Terceiro e quarto dias de trabalho - Racismo, Educação, Ásia, Caribe

Salle XXI:
Ontem não escrevi, mas participei de outro dia de reuniões sobre o racismo e a diáspora nos países africanos. O foco de ontem foi sobre a discriminação na Ásia e no Caribe.

Um vídeo muito interessante que fiquei conhecendo é este abaixo. Ao entrevistarem crianças negras sobre qual das duas bonecas elas gostariam de brincar (uma de cor escura e outra de cor clara), 15 entre 21 crianças preferiram brincar com a branca. Quando perguntaram qual era a boneca "do bem", apontavam para a de cor branca. Por fim, perguntaram por que a boneca negra era má, e uma das crianças responde "porque ela é negra". A pior parte é quando a entrevistadora pergunta à menina "e qual dessas duas bonecas você acha que representa você?". A criança fica confusa, porque acaba caindo na cilada do preconceito criada pela sociedade e aceita por ela mesma, e aponta para a boneca negra. Assistam:



Esse vídeo é bastante chocante e mostra de forma bem resumida como é o preconceito contra os afrodescendentes no mundo todo. Mesmo no Brasil, com a enorme quantidade de afrodescendentes que temos e a também enorme miscigenação, temos muito preconceito.

Uma das prioridades que todos os países ressaltaram é a necessidade de se ensinar história da África nas escolas, bem como a história das culturas africanas. Todos os países ressaltaram a EDUCAÇÃO como sendo primordial para o fim do racismo, mas ressaltaram também que a escola pode também criar o preconceito.

Eles falam também de como o preconceito, em alguns países, se tornou social e não de raça. No Brasil, por exemplo, a oportunidade de estudo para os negros é bastante reduzida, já que eles possuem uma renda inferior aos demais.

Corredores do Palais de Nations - ONU


Salle XXII - Updating the Cuban Economic Model

Bom, já hoje fui a um evento paralelo sobre Cuba (nome acima), que falou bastante do país e do seu modelo econômico falho. Falaram sobre o país e dos porquês dele ter um alto nível de escolaridade e de acesso ao sistema de saúde a todos por exemplo e, por outro lado, não ter nenhuma infraestrutura em outros aspectos como tecnológicos, pesquisa, etc. Os motivos que deram foram a queda da URSS - com ela eles teriam triunfado -, a escolha que fazem de investir no indivíduo muito mais que os demais países, da moeda super enfraquecida e da utilização do dólar juntamente com o peso.

No mais, foi muito interessante ver a posição dos países. A União Europeia nem compareceu à reunião; a China se irritou com o palestrante, que disse que Cuba não pode, nem deve, seguir o modelo chinês de desenvolvimento. O que o palestrante quis dizer, na verdade, é que um país não pode seguir um modelo econômico de outro, já que cada um tem uma história e políticas (tanto interna como externa) diferentes.

O fato interessante foi que o palestrante não era cubano, vinha de algum país desenvolvido europeu. Em um momento, o presidente da mesa disse "aproveitem que nosso palestrante não é cubano, ou seja, pode responder tudo com toda transparência.". Logo depois alguém disse "mas Cuba não é transparente?", ele refutou "claro que sim" e todos riram. Foi um deslize cubano, que acho que ele disse sem a menor maldade. Mas já dá pra ter noção do quanto cada palavra conta quando estamos falando de política externa.

Beijos
Elisa

23.4.13

Segundo dia de Trabalho

Boa noite a todos (Boa tarde?),

Hoje fui para o Palais de Nations, na sala XXI, onde aconteceram as reuniões de racismo relacionados aos indivíduos de países afrodescendentes. A palestra mais interessante foi de uma brasileira, que falou bastante das cotas nas universidades e seus benefícios (e também do porquê de serem cotas universitárias ao invés de uma melhora no ensino básico). Muitos países ficaram interessados no sistema de cotas brasileiro para a inclusão social dos afrodescendentes. Os países latino-americanos e outros também em desenvolvimento perguntaram mais detalhes sobre as chamadas Ações Afirmativas brasileiras.

Reunião da Salle XXI


Foi interessante ver como as cotas são vistas pela reunião sobre o racismo. No Brasil elas são condenadas pelos estudantes de escola particular que têm pouco a dizer, não sofreram com a falta de educação primária e nada sabem sobre a pobreza no país.

Algo enfatizado por todos os países foi a importância da educação para a formação do ser humano. O racismo, tema desta reunião, foi estudado como sendo fruto de uma educação, logo, uma sociedade não racista pode também ser fruto da educação do seu país.

Amanhã tem mais!

Beijos

22.4.13

Primeiro dia de trabalho

Chegando na ONU - a foto não está muito boa porque foi tirada de dentro do ônibus.


Hoje foi o primeiro dia na Missão! Fomos apresentados aos diplomatas, aos oficiais de chancelaria e à ONU em si. A Missão do Brasil na ONU não fica exatamente DENTRO da ONU, mas sim ao lado, por isso tivemos também um tour dentro do Palais de Nations, que consiste de fato nos prédios das Nações Unidas.
Ficaremos parte do tempo na Missão e outra parte no Palais, acompanhando e auxiliando os diplomatas. Na Missão temos uma sala para os estagiários do Programa de Formação, mas pelo que entendi sempre iremos transitar entre essa sala e a sala do nosso diplomata correspondente, trocando informações e papeis (relatórios, papers, etc...).
Amanhã, por exemplo, passarei o dia inteiro no Palais para reuniões sobre a questão do Racismo. O tema em que fui alocada é o de Direitos Humanos, portanto acompanharei as reuniões entre os países junto com a Diplomata responsável por esse assunto.

No site da ONU conseguimos acompanhar tudo o que acontece diariamente na sede. Com relação às reuniões sobre o racismo, abaixo está o link onde diz até mesmo em que sala na ONU elas acontecerão:


Hoje, junto ao Ministro, revisei um documento que será lido para o Canadá na sexta-feira, na chamada UPR (em português, Revisão Periódica Universal). Nas semanas de UPR (essa agora e a seguinte) os países fazem recomendações uns aos outros, bem como relatam o que está sendo bem executado por cada um. Assim sendo, o ministro irá ler, na sexta-feira, na UPR do Canadá, as recomendações do Brasil para o Canadá. Nesse caso, os diplomatas fazem um documento com o draft do texto, que é enviado imediatamente para Brasília, para que Brasília aprove e envie de volta a Genebra. Caso Brasília não aprove, eles mandam as correções que devem ser feitas. O que fiz hoje com o Ministro foi revisar este documento - corrigir o inglês, ver se as questões que o Brasil colocou são plausíveis, etc... Feito isso, ele enviou o documento a Brasília, que foi aprovado e portanto será lido na sexta-feira. Eu provavelmente participarei dessa UPR, já que acompanhei o processo como um todo. Depois dos discursos de cada país sobre as políticas canadenses, o Canadá tem o direito de responder a cada uma. Ele não é obrigado, entretanto, a acatar com as recomendações de cada país, já que vivemos em um mundo anárquico que não possui um governo central. A ONU serve como uma arena para a comunicação pacífica (controverso, mas enfim) entre os países, mas não consegue obrigar ninguém a nada.

Bom, em resumo é isso. O texto deve estar com alguns erros, não tive tempo de revisar. Mas espero que eu tenha dado uma introdução do que farei aqui em Genebra :)

Beijos
Elisa

10.4.13

Ansiedade

É visto que não chega, é ansiedade que não desaparece.

O layout do blog, como todos podem ver, está atrasado (ainda é o do meu intercâmbio para a  França). Mas já tive as ideias e falta só escolher a cor!

Espero que no fim de semana eu consiga arrumar o blog!
E.