7.5.13

O dia em que queimei a língua sobre a Organização Mundial da Saúde

Bom dia a todos!
Hoje tivemos uma palestra interessante sobre a OMS (ou WHO, em inglês) com um dos nossos diplomatas, José Roberto de Andrade Filho. Ele é um dos responsáveis pela área aqui em Genebra e nos deu uma boa visão sobre saúde no Brasil e no mundo. Como já disse, vou trabalhar na área de saúde durante essa semana e a próxima, que é quando a Bruna volta de férias e retornarei o trabalho com ela.
A priori, a área da saúde não era meu interesse. Pensei que, como não tinha "nada a ver" com a área, não iria me interessar. Pelo contrário, a palestra foi muito ilustrativa e consegui perceber a importância do tema.
Do dia 20 ao dia 28 de maio acontece a Assembleia Mundial da Saúde aqui em Genebra, o maior evento acerca do tema no âmbito global. Espero poder participar!!! Esse ano o grande tema será as NCDs (doenças crônicas não transmissíveis: problemas cardíacos, câncer, diabetes...), que é um grande problema de saúde pública global.
 
Entrando no andar da Missão - desculpem a falta de enquadramento!
No âmbito global, o foco do trabalho na área de saúde é o chamado Global Health, que abrange bem mais do que as nações como indivíduo. O termo Global Health cruza várias disciplinas, dentre elas: nutrição, saúde mental, estilo de vida saudável com esportes, saneamento água e esgoto, sistema de transporte mais limpo, entre outros. Em geral, o que vemos hoje (um grande exemplo é a política dos Estados Unidos para a saúde) é o ciclo de intervenção de reabilitação, em que o indivíduo fica doente e é feito o tratamento para a cura. O conceito de Global Health tenta organizar uma sociedade construída através de hábitos preventivos. O secretário comentou também do estigma da saúde mental, que está ligada a milhões de profissões e faixa etárias. A saúde mental envolve integração comunitária, tratamento psicológico, valores e assistência.
 
Sobre o papel da OMS, o secretário enfatizou que ela dá parâmetros técnicos aos países, mas pode ajudar em emergências como, por exemplo, administrar e fornecer remédios em tempos de crise - é o que está acontecendo na Síria hoje.
 
Organizações, como a Médicos Sem Fronteiras, por exemplo, têm o direito de participar das reuniões da OMS, mas não têm poder de voto. Outra organização (que eu não conhecia e que o Brasil ajudou bastante na sua estruturação) é a UNITaid, que auxilia no tratamento de AIDS, malária e tuberculose através de estratégias de mercado. A instituição estuda o mercado e investe em desenvolvimento de métodos de diagnóstico mais baratos, além de subsidiar processos de fabricação de medicamentos mais eficientes. A UNITaid é uma instituição muito importante hoje em dia, fundada pelo Brasil, que poucos de nós conhecemos. O setor privado não tem direito de participar das reuniões.
 
Por falar em AIDS, o secretário enfatizou alguns avanços na área de saúde que se devem especialmente ao Brasil. Um deles é a quebra de patentes no caso dos remédios para as pessoas que vivem com o vírus. No começo da década de 90, a sociedade civil brasileira pressionou o governo para um auxílio com relação ao vírus e conseguiram a quebra das patentes, diminuindo consideravelmente o preço dos remédios. Outro triunfo brasileiro foi sua campanha de combate à poliomielite (leia aqui um artigo interessante sobre o assunto), que hoje serve de exemplo para a OMS. Outro ponto positivo do nosso país é a Fiocruz, que é bastante conhecida e admirada mundialmente.
 
Recomendação do secretário: TED Talk com Ben Goldacre (com legenda em português) chamado "Combatendo a Ciência Ruim". Outra recomendação foi o livro do mesmo médico, disponível na Amazon.com neste link.

Próximas atividades serão traduções (eeeee!!!) e quem sabe Consulado Itinerante, em que vamos a outra cidade suíça, junto ao corpo consular do Brasil, auxiliar indivíduos com questões consulares.

Notícia fresquinha: O diplomata brasileiro Roberto Azevêdo acaba de ganhar a disputa para diretor da OMC!

Beijos
Elisa

3 comentários :

  1. Lembro de quando estava estudando o SUS, como é importante pro governo que a população permaneça saudável, mais do que a realização de tratamentos e curas.
    O problema é que a saúde serve menos à propaganda do governo que a cura... Hospitais não mantém a população saudável, mas são muito melhores para a imagem pública que ações de prevenção...
    À propósito, Lisa, tá sabendo que a dengue voltou com tudo em BH esse ano? Pra quê prevenir, né?

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    1. Prima... Fico feliz de ter realizado duas pesquisas na área: psiquiatria e diabetes! Estamos caminhando... :) !!!

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    2. Igor, to sabendo sim, inclusive fiquei morrendo de medo de ficar com dengue antes de vir, hehehe.

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